Estilista Romero Sousa fala sobre a coleção Ouro Branco

Foto: Vinícius Chaves/Assessoria Expotec

A coleção “Ouro Branco”, cujo nome foi determinado pelo próprio autor, Romero Sousa, foi inspirada, segundo ele, no auge da plantação e cultivo do algodão. O foco da coleção desfilada na quarta edição do Extremo Fashion, na Expotec 2016, foi trabalhar o algodão colorido de uma forma mais contemporânea e agregado às questões das tipologias artesanais locais.

O universo têxtil que engloba o algodão colorido já não apresenta tantas complicações para Romero, pois o designer paraibano trabalha com esse material há anos e fez, inclusive, exposições fora do Brasil: “já venho trabalhando com o algodão colorido há um bom tempo, desde 2007. Fiz exposições em Paris e Nova York com o material, então tenho facilidade para lidar com ele, mesmo com a dificuldade da limitação das cores, que são, no geral, terrosas”.

Para remeter a coleção à contemporaneidade, o estilista fez uso de técnicas como o macramê, labirinto, frivolité e capitonê. Fez uso da assimetria em algumas peças: “criei sem o apelo da simetria e que, normalmente, não estão ajustadas ao corpo, para valorizar mais o tecido” e algumas delas foram longas: “o longo traz isso da riqueza, por ter a utilização de muita matéria-prima. Com o capitonê é necessário triplicar o material”, explicou ele. Para a produção da “Ouro Branco”, contou com a parceria do atelier Djanet Figueiredo, Mayrles Emille, Camila Demore Biojóias, Ilha Brasil e Moda Empreendedora.

Sobre ter sido chamado para participar do Extremo Fashion na Expotec, o especialista em moda disse: “nada mais oportuno e interessante que, dentro de uma feira tecnológica, utilizar um produto que é tecnológico – o algodão colorido –, que foi trabalhado dentro da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Existe uma tecnologia por trás de tudo isso e, às vezes, a gente nem sabe. Ela está presente na forma de fazer a malha, de tramar os tecidos, de trabalhar a inovação com o artesanato e também há um apelo muito grande em cima do sustentável, porque o algodão não precisa de lavagem, nem de tingimento, já nasce dessa forma. Então ele economiza a água e não insere no meio ambiente químicos que possam agredir os lençóis freáticos”.

Ele falou, ainda, um pouco mais a respeito da coleção: “eu escolhi o nome ‘Ouro Branco’ por causa do trabalho com a plantação e cultivo do algodão, feito muito antes da colonização da cidade de João Pessoa e que viveu seu auge. A coleção é inspirada nesse momento de fartura, muita riqueza, de utilizar o algodão como um bem de consumo, de riqueza e como um bem que vai agregar valores à sociedade. Em cima desse tema, surgiu a proposta de fazer o desfile”.

Romero é referência no que tange a cultura regional, é o atual coordenador do Moda PAP (núcleo do programa de artesanato da Paraíba), consultor criativo do Sebrae–PB e comanda a produtora Criativo.

 

Rebeca Neto/Assessoria Expotec


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